*Por Brenno Ribas, docente de Direito do UniFavip Wyden e advogado eleitoral
Nos últimos anos, a imagem do Supremo Tribunal Federal (STF)
tem sido alvo de críticas intensas por parte da sociedade brasileira.
Expressões como "STF fez o L" e "Ditadura do STF" refletem
uma percepção negativa impulsionada pela polarização política e pela
disseminação de narrativas simplificadas. Decisões da Corte são frequentemente
interpretadas sob um viés partidário, ignorando a complexidade do direito
constitucional e do papel do Tribunal na manutenção do Estado Democrático de
Direito.
Essa rejeição popular ao STF é amplificada pelas redes
sociais, onde informações são muitas vezes distorcidas ou retiradas de contexto
para reforçar determinadas posições políticas. A atuação do Tribunal em temas
sensíveis, como combate à corrupção, liberdade de expressão e direitos civis,
gerou reações acaloradas, especialmente quando suas decisões contrariam
expectativas de determinados grupos. Contudo, criticar o STF sem uma
compreensão adequada de sua função institucional enfraquece não apenas a Corte,
mas a própria democracia.
O STF tem a responsabilidade de interpretar a Constituição e
garantir sua aplicação, protegendo direitos fundamentais e assegurando o
equilíbrio entre os Poderes. Ao longo dos anos, decisões como a validação de
cotas raciais, o reconhecimento da união homoafetiva e a defesa da liberdade de
imprensa demonstram seu compromisso com a garantia de direitos. Em um país
marcado por desigualdades e instabilidades políticas, o Supremo desempenha um
papel essencial para evitar retrocessos e assegurar a ordem
constitucional.
Embora a crítica ao STF seja legítima e parte do debate
democrático, ela precisa ser feita de maneira qualificada, com base em
argumentos jurídicos e institucionais. Questionar o ativismo judicial, discutir
a transparência das decisões e exigir maior previsibilidade na jurisprudência
são pontos fundamentais para o aprimoramento do sistema de Justiça. No entanto,
desqualificar a Corte com discursos inflamados ou rótulos pejorativos
compromete a credibilidade do Judiciário e pode abrir caminho para ameaças
autoritárias.
Defender o STF não significa concordar com todas as suas
decisões, mas reconhecer sua importância para a estabilidade democrática. O Tribunal
é um dos pilares institucionais que garantem o funcionamento da República e a
proteção dos direitos individuais. Em vez de alimentar discursos que
deslegitimam sua atuação, é necessário fomentar um debate mais aprofundado
sobre o papel do Judiciário, fortalecendo sua função constitucional e
promovendo um ambiente democrático baseado na responsabilidade institucional e
no respeito às regras do jogo.
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